quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A Magia Da Carruagem 707

Ainda antes de entrarmos em detalhes sobre como foi Bangkok aqui vai uma história para recordar sobre esta viagem e sobre o seu percurso. Ainda hoje me lembro era longo,um pouco desgastado do tempo e do calor que se faz sentir a cada dia que passa, pouco cómodo e até um pouco mal cheiroso...assim era o comboio, mais propriamente dito a carruagem número 707 que ligava Chumporn até Bangkok.

Como compramos bilhete em terceira classe o que equivale ir com os pés de fora do comboio sem ar condicionado e em condições bastante precárias, mas afinal de contas se os Tailandeses aqui vão porque carga de água o Europeu não há de ir também, e para nós valeu a pena cada kilometro feito naquela linha de ferro pela experiência que vivemos,ora vejamos...

As pessoas que viajam em terceira classe na Tailândia são as pessoas financeiramente mais modestas e sobrevivem com pouco ou quase nada no dia a dia mas também são as pessoas mais verdadeiras e simpáticas que encontramos durante a nossa viagem. Alguém falar inglês na carruagem 707 era mentira o que é bastante normal visto que metade daquela carruagem teve que abandonar a escola cedo para começar a trabalhar, para ajudar as famílias deles...presumo eu, e como o meu Tailandês resume-se a uma simples palavra "obrigado", a unica maneira era comunicar gestualmente o que mostrou ser bastante divertido.

Os bancos eram feitos para levarem 4 pessoas mas bem apertadinhos iam seis pessoas, não no nosso lado, talvez por serem um pouco envergonhados com os europeus mas em frente a nós lá iam eles bem aconchegados, na nossa frente ia um bébé que pela aparência devia ter os seus dois anos a suar bastante mas com um sorriso simpático a olhar-nos de uma maneira suspeita tipo:"o que estes andam aqui a fazer"... mais para a frente perguntamos o nome da criança ao que a mãe nos respondeu de forma categórica que o nome da criança era: "BOSS" o que achamos piada, nessa altura a senhora já queria pôr a criança no meu colo, com todo o respeito e um pouco de receio de deixar a criança cair ou algo do género deixei estar o "BOSS" no colo da mãe "Like a Boss".

Lá para as duas ou três da manhã sem nada para fazer e cansado de matar mosquitos á dentada decidi tirar o portátil para ver um filme e ai é que foi algo surreal, a máquina que tinha acabado de tirar da mala vinha do futuro, pois para muitos acredito que foi a primeira vez que viram um portátil, portáteis só nos anúncios da televisão, mais para a frente meti um filme a rolar e devo dizer que só faltavam pipocas pois a plateia estava bem composta e deliciada com aquele momento, pouco depois o comboio pará, e dizem nos que houve uma avaria e que só daqui a duas horas estará operacional, para passar o tempo compro uma daquelas comidas estranhas que vendem no comboio, uma das causa que mais tarde me levaria umas quantas vezes as famosas e bem cheirosa casas de banho daquela locomotiva onde fazemos o que temos a fazer como muitos dizem "á caçador" mas passando á frente que a conversa já começa a cheirar mal.

Sedentos para ver mais um filme, eu e a plateia, juntamo-nos para outra sessão visto que tempo, tínhamos para dar e vender, visto que ainda não havia avanços na avaria, no meio do filme perguntam-me de onde sou ao que digo:"Portugal" ao que eles em conjunto dizem quase ao mesmo tempo: "Cristiano Ronaldo"..."Mourinho" ao que respondo com sorriso e um pouco de orgulho, gostava mais que o nosso País fosse conhecido por outras coisas mas é melhor assim do que ser por coisas más...ao fim ao cabo o futebol é um pouco da nossa bandeira lá fora.

Nessa mesma carruagem reparo que também vai um grupo de monges numa secção destinada para eles mesmo...tipo Vips :) são bastante respeitados o que compreendo, vivem com pouco e mostram ter muita paz dentro deles, nada como a nossa igreja ou coisa parecida..mas isso é outra conversa.

Falo com algumas pessoas e percebo como a vida por aqui é difícil,para muitos é o País dos Sorrisos mas para outros a realidade é outra, a maior parte foi ver a família, e regressam á capital apenas para trabalhar e ganhar algum, visto que apesar de não terem grandes trabalho é mais fácil do que arranjarem onde vivem, alguns em zonas bem remotas.

Nas horas seguintes chegamos a Bangkok numa das viagens mais interessantes das nossas vidas onde aprendemos ainda mais a dar valor ao que temos e de onde vimos, aos Monges, ás inúmeras pessoas na plateia ao Boss e á sua mãe um muito obrigado por esta lição de vida... Kob Khun Krap (Obrigado em Tailandês)

1 comentário:

  1. ADOREI esta tua publicação....sem dúvida que foi uma lição de vida....obrigado pela partilha! Mil beijinhos

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